Quem sou eu

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Este alagoano de São José da Tapera, nascido em 1966, é maravilhado com a escrita e encantado com as letras. Procura traduzir em seu trabalho as inquietações da alma humana em suas relações interpessoais e consigo mesmo. Autor dos livros: O homem que virou calango (contos); Retratos Urbanos; Síndroma de Imunodeficiência Depressiva; Da dor do não, poemas; coautor de Caoticidade Urbanopoética do eu nulo, poesia; participação na 1ª Antologia da Confrafia: Nós, Poetas.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

OLHAR

imagem da internet

 olhar

tal o oráculo
de Delfos em resposta
num indecifrável enigma a pergunta
a beleza infinda
da face não conspurcada
emoldura em ladeadas
òrbitas
a personificação da alma
em um ser
no negrume da cor que não há
Encobre o que havera de ser
e miram o infinito
além do ser
um mundo indecifrável
que somente você



terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O ESTADO NÃO EXISTE!


O ESTADO NÃO EXISTE!


O ESTADO NÃO EXISTE DE PER SI!
MAS, AO CONTRÁRIO, O ESTADO EXISTE EM SE.
(CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA CAUSAL ou CONDIÇÃO CAUSAL?)
LOGO, SE EU EXISTO, ELE - ESTADO, EXISTE.
NÃO PARA SI, MAS EM FUNÇÃO (COMO CONDIÇÃO NÃO COMO FIM) DE.

CONCLUSÃO 1: SUBVERTAMOS O STATUS QUO VIGENTE;

CONCLUSÃO 2: O HOMEM É UM SER SOCIALISTA, NEGANDO ESTE FATO ESTAMOS NEGANDO A CONDIÇÃO DE SE SER HUMANO (DEUS SALVE O SOCIALISMO - EMANUEL NASER);

CONCLUSÃO 3: AS ARMAS A PALAVRA;

CONCLUSÃO 4: SOU DE TI O TREMOR E O TEMOR, ESTADO;

CONCLUSÃO 5: SUBVERTAMOS A FEROCIDADE GENOCÍDICA DO CAPITALISMO (SERÁ QUE É ELE OU SOMOS NÓS?);

CONCLUSÃO 6: ÀS ARMAS, CIDADÃOS! (DENOTATIVO OU CONOTATIVO?);

CONCLUSÃO 6: ROMPAMOS O LACRE DA IMOBILIDADE E SEJAMOS O ARIETE QUE IRÁ DERRIBAR AS CADEIAS DA MORTE QUE, NÓS PRÓPRIOS, NOS COLOCAMOS.

Tão Atual. SUBVERTAMOS.


Epigrama
Juízo anatômico dos achaques que padecia o corpo da República em todos os membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia.

Que falta nesta cidade?… Verdade.
Que mais por sua desonra?… Honra.
Falta mais que se lhe ponha?… Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste rocrócio?… Negócio.
Quem causa tal perdição?… Ambição.
E no meio desta loucura?… Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quais são seus doces objetos?… Pretos.
Tem outros bens mais maciços?… Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?… Mulatos.

Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal,
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?… Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?… Guardas.
Quem as tem nos aposentos?… Sargentos.

Os círios lá vem aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda?… Bastarda.
É grátis distribuída?… Vendida.
Que tem, que a todos assusta?… Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça.
Que anda a Justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Que vai pela clerezia?… Simonia.
E pelos membros da Igreja?… Inveja.
Cuidei que mais se lhe punha?… Unha

Sazonada caramunha,
Enfim, que na Santa Sé
O que mais se pratica é
Simonia, inveja e unha.

E nos frades há manqueiras?… Freiras.
Em que ocupam os serões?… Sermões.
Não se ocupam em disputas?… Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões e putas.

O açúcar já acabou?… Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?… Subiu.
Logo já convalesceu?… Morreu.

À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.

A Câmara não acode?… Não pode.
Pois não tem todo o poder?… Não quer.
É que o Governo a convence?… Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.


Texto extraído de “Antologia de Humorismo e Sátira”, organizada por R.Magalhães Júnior, Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1957, pág. 05.

O original poderá ser visto no link: https://portalescrevendo.wordpress.com/2016/01/08/satira-poema-epigrama-corpo-da-republica-gregorio-de-mattos/