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Este alagoano de São José da Tapera, nascido em 1966, é maravilhado com a escrita e encantado com as letras. Procura traduzir em seu trabalho as inquietações da alma humana em suas relações interpessoais e consigo mesmo. Autor dos livros: O homem que virou calango (contos); Retratos Urbanos; Síndroma de Imunodeficiência Depressiva; Da dor do não, poemas; coautor de Caoticidade Urbanopoética do eu nulo, poesia; participação na 1ª Antologia da Confrafia: Nós, Poetas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O BLUES E O ZEPPELIN

O BLUES E O ZEPPELIN
(Para André Maurício)
por Geo Santos

A chuva cai contínua
Sobre á cidade
- Uma chuva fina nevada
Que queimava á pele nua
Sem a proteção da lã.
O asfalto impermeabilizado
Não suporta a fúria das águas
Inundando as galerias plúvias
E as ruas da cidade.
- Os corações aflitos
Bombeados de rumores
Nefastos
Levam aos ouvidos
Os noticiários do rádio:
- O mundo abraçou a guerra,
Aprisionando a alegria
Nos corações.
O inverno glacial
Numa avalanche
Vestiu o céu de cinza cobalto;
O silêncio pairou á brisa fria
Que caia;
- Nem os pombos saíram
Dos seus nichos
Para catar ás migalhas
Caídas no chão...
As pessoas caminham
Apressadamente
Indiferente a quem passa
Ao seu lado.
Não há alegria
Em suas faces lânguidas
A pressa entorpece
A mente fragilizada;
- A fome e a miséria
Estão de mãos dadas
Para brindar a taça da dor!
Tecidos em lã aquecem
Os corpos que se aventuram
A sair nas ruas.
- De súbito ao longe
Uma voz de mulher
Embala um Blues
- Um mantra
Iluminando á cidade
Que agora perplexa
Ver o Zeppelin indo embora
Deixando toda a população
Plácida.